Uma  doação de leite humano  é esperança de vida para muitos bebês que lutam contra as complicações de um parto prematuro, internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Quem é mãe e enfermeira, sabe disso. É o caso de Laysa Barbosa Araújo, técnica em enfermagem do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC). Ela já  fez mais de cem vezes  para o  posto de coleta de leite humano  do HRSC.

Desde que se tornou mãe de Maria Júlia, há um ano e dez meses, colaboradora do Hospital, que compõe a rede  da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), viu sua vida ser transformada. “Ser mãe era minha maior vontade, e o sentimento da amamentação é um laço que liga a mãe ao filho, é muito mágico! Tenho muito prazer em amamentar”, descreve.

Maria Júlia já vem outros alimentos, mas ainda mama pelo menos quatro vezes por dia, quando Laysa está em casa. “Eu deixo livre”, explica. Mesmo meses após a amamentação, um profissional de enfermagem continua produzindo leite e resolve ajudar outras crianças que precisam de cuidados intensivos.

Entre o dia 25 de maio do ano passado até agosto deste ano, um profissional de enfermagem do HRSC já deixou 114 frascos com o alimento, o equivalente a 14 litros. Para se ter uma ideia, a produção de Laysa é tão generosa, que, em um único mês, ela deixou no posto 3,7 litros de leite humano em 12 porções diferentes.

Ao preferir sentir orgulho pelo número expressivo, Laysa se mostra sensível e prefere se intitular como satisfeita e grata. “Essa quantidade é o tamanho da satisfação que eu tenho. Se eu pudesse, eu doaria mais! É muito gratificante saber que saiu de você o nutriente para uma pessoa ter mais vida”, completa.

Busca ativa

A enfermeira neonatologista Anne Rafaela, responsável pela parte assistencial do posto de coleta de leite humano do HRSC, diz que a manutenção da amamentação em livre demanda é o que explica casos como o de Laysa. “É o estímulo da sucção: quanto mais o bebê mama, mais leite ela vai produzir”, informa.

Lactantes de qualquer cidade podem se cadastrar para doar. Em Quixeramobim, uma equipe atua em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde realizando busca ativa de possíveis doadoras. As que aceitamos doar passam por uma triagem e a coleta de leite humano é feita semanalmente por profissionais do HRSC na própria residência da mãe. “Aqui a gente tem um serviço diferenciado. A mãe não precisa vir até o hospital, nós garantimos a assistência de todo o processo no domicílio, inclusive a coleta”, detalha Rafaela.

Alimento necessário para o tratamento

O trabalho é realizado em parceria com a Maternidade Escola Assis Chateubriand (Meac), que recebe semanalmente a quantidade enviada pelo HRSC, faz o processo de pasteurização e devolve o alimento para ser usado em crianças internadas na UTI Neo.

A médica do HRSC, Eucilene Kássya, explica que o leite materno é essencial na recuperação de bebês internados. “Ele aumenta a imunidade do bebê nos primeiros dias de vida, pois contém vitaminas, minerais, proteínas e anticorpos que são necessários para o desenvolvimento e o combate contra infecções. Nos prematuros essa necessidade é ainda maior porque eles dependem desses benefícios. O leite humano faz parte do tratamento dos bebês internados”, revela Eucilene.

SERVIÇO:

Mães que têm excesso de leite e desejam fazer podem entrar em contato com o Posto de Coleta. A equipe faz uma visita domiciliar onde uma lactante é entrevistada, passa por uma triagem e recebe um kit de frascos para armazenar o leite. A coleta é feita no domicílio da doadora, semanalmente, pelo HRSC. Colaboradores ou pacientes que estão internados e que desejam fazer, são encaminhadas pelas equipes dos setores. No caso de doadoras que tiveram o filho internado na UTI Neonatal, o leite é utilizado como alimento para uma criança.

Posto de Coleta de Leite Humano do HRSC

Estr. do Algodão, CE-060, Quixeramobim – CE

Tel.: (88) 98883-2813 (WhatsApp)