No fim do ano passado, Valdir Ferreira de Menezes, 45, caiu de um pé de manga quando realizava uma poda. Ficou desacordado e, ao recobrar a consciência, já estava em um leito hospitalar. Trabalhando como autônomo, Valdir viu sua vida mudar após o acidente: passou um período sem conseguir andar e quase 50 dias internado no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Quixeramobim.

Morador de Tianguá, Valdir foi atendido pelo serviço de Neurocirurgia do HRSC, referência em casos de neurotraumas na região. "Fizeram uma cirurgia e, graças a Deus, estou me recuperando direitinho, andando bem devagarzinho, fazendo tudo o que o médico pediu", relatou o paciente. A regionalização da saúde garantiu que ele tivesse o atendimento especializado perto de casa.

Desde que passou a funcionar em 2018, o serviço de neurocirurgia já realizou mais de 1.000 procedimentos, entre os casos tratados estão os relacionados a Neurotrauma, classificação dada ao Traumatismo Craniano Encefálico (TCE) e o Trauma Raquimedular (TRM). Este último ocorre em situações aparentemente inofensivas, como cair de um pé de manga ou pular de pontes em açudes e rios, e trazem sérios riscos. Dados recentes indicam que aproximadamente 600 mil pessoas são vítimas de TCE e TRM, por ano, no Brasil.

"São lesões, na maioria das vezes, graves, e exigem um manejo adequado para devolver ao paciente sua reabilitação física e cognitiva", explica o coordenador da Neurocirurgia do HRSC, Rafael Fonseca. A depender da gravidade da lesão, a região cerebral pode sofrer sequelas. "O que buscamos é reabilitar o paciente em todos os aspectos para que o trauma não o incapacite", pontua.

Revisão de métodos visando melhor resultado.

Com foco na atualização das práticas médicas, especialistas promoveram um simpósio no HRSC, para discutir metodologias e técnicas de manejo em pacientes com neurotraumas. “É uma ação muito bem-vinda, pois abrimos recentemente uma emergência para atendimento a politraumas. É fundamental alinhar condutas para oferecer tratamento de excelência aos pacientes”, destacou Rafael Fonseca.

Aberto em julho do ano passado, o serviço de Emergência do HRSC atende casos de Trauma Torácico, Trauma Abdominal Fechado e Aberto, as fraturas de múltiplos membros e as expostas, além dos neurotraumas. "Esses casos se constituem como uma demanda muito grande da região, por isso a parceria com a neurocirurgia nos dá um suporte de intervenção muito importante, para pacientes acometidos por comorbidades que envolve o politrauma relacionado à neurologia", explica o médico coordenador do serviço, Thiago Carvalho

A revisão dos métodos e práticas garante que pacientes como a empresária Gilvana Sales de Sousa, de 46 anos, tenham um desfecho feliz. O veículo em que ela estava quando voltava do carnaval em Maranhão, capotou. Gilvana, que mora em Acaraú, sofreu vários traumas na coluna e foi trazida para o HRSC. "Fiz uma cirurgia muito delicada, mas já estou me recuperando muito bem e nem cheguei a ficar sem andar. Esse atendimento foi o que me garantiu ter minha vida de volta", afirma.