Serviço de Fonoaudiologia no HRSC auxilia bebês prematuros a aprenderam a mamar
Nascer antes do período ideal pode trazer complicações para o bebê, e uma delas está relacionada à alimentação. Sem força suficiente e ainda em desenvolvimento, eles não conseguem mamar e precisam aprender esse processo, por onde flui amor e a fonte de alimento necessária à vida.
Por trás dessa missão está um profissional geralmente lembrado em questões ligadas à voz: o fonoaudiólogo. No Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Quixeramobim, esses profissionais atuam no fortalecimento do vínculo entre mãe e filho, e no apoio ao desenvolvimento do bebê até que ele alcance autonomia para se alimentar com segurança.
"Alguns recém-nascidos nascem com disfunções orais que causam alterações, dificultando a pega, a sucção e a deglutição", explica Nádia Suellen, fonoaudióloga do HRSC que atua na Neonatologia. Esses processos são necessários para sugar, engolir e respirar. Algo que o bebê ainda não sabe, mas precisa aprender.
O aprendizado da amamentação
A doméstica de Banabuiú, Mariana Lima Alves, 37 anos, amamentou os outros quatro filhos, mas Ariela nasceu no HRSC antes das 34 semanas. Prematura, precisou aprender a mamar. No início, vinha se alimentando por sonda, mas hoje já consegue sugar o leite materno. "Na primeira vez que ela pegou no peito foi uma felicidade tão grande que eu tive vontade de chorar", afirma Mariana.

Para conseguir mamar, Ariela contou com o acompanhamento da equipe de fonoaudiólogos do HRSC. "Esses bebês precisam ter coordenação entre os blocos de sucções, que é sugar, engolir e respirar ao mesmo tempo. Como são prematuros, eles não conseguem e precisam ser ensinados", completa Nádia.
Antes de engolir o leite, os bebês precisam adquirir resistência para deglutir a própria saliva enquanto respiram adequadamente. Essas etapas são trabalhadas por meio de treinos, como o de motricidade orofacial e a sucção não nutritiva. Paralelamente, as equipes estimulam o vínculo afetivo. "A gente trabalha a parte emocional das mães, explicando que o bebê precisa dela e colocando em prática o método canguru", acrescenta a fonoaudióloga.
Enquanto o processo não é concluído, a alimentação é feita por sonda, retirada somente quando o bebê consegue mamar sem riscos. É nesse momento que a atuação dos fonoaudiólogos, em conjunto com fisioterapeutas, médicos e enfermeiros, se completa. "Quando a gente tem um bebê que passou muitos dias entubado e consegue fazer o desmame da sonda, para nós é o ápice", afirma Nádia Suellen.
Mariana hoje vê a filha Ariela mamando e reconhece que o gesto vai além da nutrição. "Dar de mamar a um filho não é só dar alimento, é dar amor também. É bom segurar o filho no braço e poder ajudar e proteger", diz.