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12/01/2023

Profissionais da Saúde têm histórias de nascimento dos filhos cruzadas com seus locais de trabalho

Márcia Catunda

A técnica de Enfermagem da Clínica Obstétrica do Hospital Regional Norte (HRN), unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), em Sobral, Carolina Rodrigues, acompanha diariamente gestantes e puérperas.

Mas antes de trabalhar no equipamento, onde iniciou em dezembro de 2022, a profissional já havia tido uma experiência anterior na instituição. Em junho de 2017, ela foi paciente no setor em que atua para ter o filho Bernardo.

“Desde a época da minha gestação, sabia que o hospital oferece a melhor assistência da região, além de contar com os protocolos mais atualizados da área da saúde e da infraestrutura moderna. Sempre senti vontade de trabalhar aqui e via todo o empenho dos funcionários que me atenderam”, comenta Carolina.

A colaboradora teve o pré-natal acompanhado em Meruoca, mas, em decorrência de complicações no parto, foi encaminhada para o HRN. “Criei esse laço afetivo e, como Deus não faz obra pela metade, hoje trabalho no mesmo setor onde tive meu filho. Alguns dos meus colegas de hoje fizeram parte da minha assistência”, lembra.

Perdas e vitórias

O Dia das Mães deste ano será especial para a técnica de Enfermagem Cristiane Saraiva. A profissional da UTI Neonatal do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), realizou o sonho da maternidade em 2022, após enfrentar alguns obstáculos inesperados.

A profissional recorda que, quando chegou ao setor, havia apenas três meses que tinha perdido seu primeiro bebê, natimorto de 41 semanas. No início, ter que trabalhar na assistência a muitas crianças não foi tarefa fácil. “O mais inesquecível para mim foi o primeiro dia no setor. Não tive como não chorar, pois eu tinha acabado de perder minha filha. A sensação foi de um conforto que Deus me deu“, recorda.

Após mais uma perda, Cristiane conseguiu realizar o sonho da maternidade em 2022 e, hoje, tem nos braços sua filha Ayla, de sete meses. “Eu engravidei e me tornei mãe de uma bebê muito esperada e amada, cheia de saúde, que traz muita felicidade para nós”, celebra.

Prestes a voltar da licença-maternidade, a profissional está ansiosa para retomar a rotina com os bebês internados no HGWA. “Sei o quanto nosso papel é importante, tanto nos cuidados com os pequenos pacientes quanto no acolhimento a essas mães que chegam cheias de angústia e incertezas“, comenta.

Para Cristiane, ser mãe é um dom divino. “É sentir um amor incondicional e sem limites, que nos ensina a cuidar, a perdoar, a compreender. É a realização de um sonho que transborda na mente e no coração”, declara.

“Ter um filho, seja biológico ou não, é para toda a vida. Cada momento é uma experiência única”, afirma assistente social da UPA

“Vivi nove meses de uma só vez no minuto em que segurei o bebê”, é assim que Kátia Moura descreve a sensação que teve ao colocar o pequeno Davi nos braços, quando ele tinha apenas três dias de vida. Davi não nasceu da barriga de Kátia, mas isso não fez a menor diferença na conexão entre mãe e filho ao se olharem pela primeira vez. A assistente social trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Walter, equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) gerido pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).

Kátia sempre teve o desejo de ser mãe, mas o marido não podia ter filhos. Então, o casal desde os tempos de namoro, decidiu que iria adotar uma criança. Ela fez o Cadastro Nacional de Adoção e entrou na fila de espera, mas a chegada de Davi veio de forma inesperada e surpreendente. “Parece coisa de filme ou novela”, comenta.

Em uma determinada tarde do mês de março, em 2007, Kátia estava no salão de beleza, quando recebeu um telefonema sobre um bebê a ser entregue para adoção. “Fui à Vara da Infância e da Juventude, o processo anterior foi cancelado e iniciado um novo. Consegui a guarda provisória em junho e a definitiva em novembro do mesmo ano, uma grande vitória”, relata. “Ninguém deve começar uma relação, seja ela qual for, de forma errada. Por isso, procurei todos os meios possíveis para fazer tudo legalmente”, acrescenta.

Quando tinha aproximadamente entre seis e sete anos de idade, Davi viu o álbum de fotos da família e, como toda criança nessa idade, era curioso. Perguntou à mãe por que não havia fotos dela grávida. “Expliquei que ele não veio da barriga, mas do coração. Ele aceitou, mas, posteriormente, em uma aula de Ciências, ele aprendeu que os bebês nascem da barriga e questionou de novo. Então, expliquei toda a história”, conta Kátia.

No início, o menino não entendeu bem por que não nasceu da mesma forma que os colegas da escola e teve uma reação difícil. Porém, com muita paciência, amor e compreensão, Kátia deu um conselho: “Você ainda é criança e, quando estiver maior, vai entender e decidir o que fazer”. E foi exatamente o que aconteceu. Hoje, aos 16 anos, Davi é bem resolvido nas questões familiares, muito amado por todos ao seu redor e reconhece isso.

“Ter um filho, seja biológico ou não, é para toda a vida. Muitas vezes, nós idealizamos que ele seja perfeito, mas ele é um ser humano como nós, com altos e baixos. É preciso ouvir, ser transparente, respeitar a história e o espaço dele, aprender a lidar com as dificuldades e, principalmente, a amar. Cada momento é uma experiência única”, afirma.

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