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18/10/2024

Médicos que atuam em emergências relembram casos marcantes vividos em unidades de saúde

Márcia Catunda

Uma frase atribuída a Hipócrates, considerado o pai da medicina, é “curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”. O lema permeia o dia a dia dos médicos que atuam nas emergências das unidades de saúde da Rede Sesa. Igor Carvalho é médico chefe de equipe na UPA Conjunto Ceará. Ele atua na sala vermelha com pacientes internados com quadro clínico mais grave e em processo de transição para uma unidade hospitalar. Na emergência da UPA, o foco é estabilizar o quadro clínico do paciente para depois direcioná-lo a um hospital para continuidade do tratamento.

Na visão do médico, especialmente para quem atua na emergência de uma unidade, é fundamental ter sensibilidade e saber ouvir o paciente e sua família. “Não é raro na emergência a gente atender uma pessoa no pior dia da vida dela, por isso esse acolhimento e a empatia são fundamentais para aumentar as chances de vencer os desafios”.

Igor relembra um caso que marcou sua trajetória na UPA que envolveu uma bebê de apenas 20 dias de vida. “A bebê estava em estado bastante grave devido uma queda e precisou ser entubada. Aqui na UPA conseguimos estabilizar o estado de saúde dela até ela ser transferida a um hospital e se recuperar totalmente”.

Rosa Priscila Andrade  também trabalha na UPA Conjunto Ceará. Há poucos dias, ela atendeu no início do plantão da unidade um paciente de 60 anos com hipertensão e com queixas de dor. “Ele teve uma parada cardíaca e imediatamente ele foi atendido, fizemos a reanimação, acionamos o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e então ele foi transferido para o Hospital de Messejana para fazer o cateterismo. Foi um caso de sucesso de uma parada cardíaca revertida”.

Em casos do tipo, as UPAs utilizam o Protocolo IAM (Infarto Agudo Miocárdio) da Rede Sesa, que tem o objetivo de agilizar o atendimento dos pacientes para que eles recebam o tratamento recomendado pelas diretrizes, com o intuito de reduzir as complicações e a mortalidade em decorrentes de infarto.

Outro caso marcante vivido pela médica envolveu um jovem de apenas 18 anos com uma lesão grave no crânio. “Sabíamos da gravidade e da possibilidade de não reverter a lesão. Ele foi entubado e reanimado, transferido a um hospital, mas não resistiu. Porém, a família aceitou doar seus órgãos e com essa doação quatro vidas foram salvas. Foi um gesto nobre em meio a um momento de dor, eu me emocionei muito quando uma colega do Samu contou o desfecho do caso”, lembra.

Lucas Martins Ximenes trabalha na UPA Messejana e em hospitais. Na Unidade de Pronto Atendimento, ele atendeu um senhor de 90 anos que chegou em estado grave e com intercorrência. A gratidão do idoso foi o que mais o comoveu. “Após estabilizá-lo, ele acordou de madrugada na enfermaria. Ele ligou para a esposa e se despediu. A neta não queria deixar ele falar para evitar que ele ficasse mais cansado, mas ele disse que queria falar naquele momento. Na ligação, ele agradeceu a esposa por toda parceria e cumplicidade durante o casamento, e pelo cuidado com os filhos. Aquele momento me sensibilizou muito e me trouxe um grande aprendizado”, recorda.

“Minha história com a Medicina é toda na emergência. Desde a faculdade, entrei em projetos que eram relacionados à emergência até a Residência e hoje trabalho justamente como emergencista. Atendemos pessoas de todos os tipos, desde crianças a idosos, por isso busco me especializar cada vez mais para fazer o melhor pelos pacientes”, resume o médico Yan Lopes (foto), que trabalha na UPA José Walter e no Hospital de Messejana.

“Um caso que me marcou nessa trajetória foi de um rapaz de 35 anos que teve parada cardíaca. Fizemos a reanimação e a intubação. Após estabilizá-lo, ele foi encaminhado a um hospital. Foi ao centro cirúrgico, a cirurgia foi demorada e ele não acordava”, conta. Mas a surpresa gratificante veio depois.

“Após vários dias, recebi um vídeo dele já voltando à rotina e isso foi muito gratificante, pois muitas vezes na emergência a gente faz os procedimentos iniciais para estabilizar o paciente e depois encaminha a uma UTI ou enfermaria de um hospital de referência e não sabe o desfecho. Fiquei muito feliz e emocionado, ele e a mãe são da Bahia e aquela senhora teve a oportunidade de falar comigo e ficou extremamente agradecida por salvarmos a vida do filho dela”.

Tarcylio Esdras atualmente integra a equipe da Gestão UPAs. Mas quando atuava na assistência, ele recorda de um caso que viveu na noite de Natal. "Lembro que eu não estava escalado para aquele plantão, mas aceitei ir, pois minha família estava em outra cidade. Estava tudo bem, até que por volta das 5h da manhã chegou uma criança na unidade com marcas graves de queimadura, pois houve um incêndio em casa. Aquela cena comoveu toda a equipe, ela foi intubada e depois transferida para um hospital de transferência. Eu só conseguia pensar que realmente eu precisava estar ali naquele momento, mesmo não sendo o meu dia do plantão", relembra.

Outro caso vivido pelo profissional envolveu uma gestante. " Essa paciente sofreu uma parada cardíaca e é indicado fazer uma cesariana de emergência, caso o coração dela não voltasse a bater em até 4 minutos. E foi isso que fizemos, lembro que eu estava com uma colega residente e nós nunca havíamos feito um parto desse tipo. Fizemos o que foi indicado, havia muito sangue, até que retiramos o bebê e percebemos ele também estava com o coração sem bater. Até que fizemos a reanimação e ele voltou por alguns minutos. Mexeu com toda a equipe, parecia um cenário de guerra, mas fizemos o que tinha de ser feito. Isso também foi muito marcante por ter sido um procedimento novo para todos nós"

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