Direção do Hospital Regional Vale do Jaguaribe é composta 100% por mulheres que atuam para o bem-estar social da região
As três diretoras buscam manter diálogo constante com colaboradores
A história nos mostra que a participação feminina em cargos de alta gestão e em tomada de decisões, apesar de ainda ser uma luta constante, vem se fortalecendo nas últimas décadas. O Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), é um exemplo dessa mudança, a unidade de saúde pública de alta complexidade, atualmente, é 100% gerida por mulheres.
Para a diretora geral da unidade, Ana Paula Guedes, liderar o HRVJ é um desafio que exige “técnica, coragem, empatia e visão”. Para ela, ocupar a função de gestora e atuar ainda ao lado de outras duas mulheres carrega um peso simbólico e histórico que não passa despercebido. “Somos, ao mesmo tempo, gestoras e cuidadoras. Trazemos para o centro da gestão uma escuta sensível, uma tomada de decisão firme, e o compromisso com uma saúde pública que funcione de verdade, para todos”, ressalta.
Segundo ela, estar à frente de uma instituição que, diariamente, salva vidas em uma região que, por muito tempo, teve acesso limitado a serviços de alta complexidade, é um privilégio, mas também uma enorme responsabilidade. “Como mulheres, sabemos o que é persistir, o que é construir espaços com trabalho, preparo e resiliência. Mais do que ocupar cargos de liderança, buscamos inspirar outras mulheres, dentro e fora do serviço público, a acreditarem que é possível transformar realidades com competência e sensibilidade. E, juntas, temos provado que a presença feminina em posições estratégicas fortalece a gestão”, comemora.
A diretora geral da unidade assumiu o cargo há menos de um mês. Antes, atuava na unidade como diretora de gestão do cuidado e diretora clínica, totalizando aproximadamente dois anos como gestora na unidade.

As três já atuavam na unidade antes de assumirem os cargos de direção
Mudança de cultura
A Diretora Administrativa, Sabrina Becker, que ocupa o cargo há quase quatro anos, ressalta que, sem dúvida, a liderança feminina contribui para a promoção da diversidade, a mudança de cultura e de comportamento. “Sem perceber, repetimos, geração a geração, comportamentos tais como tachar automaticamente mulheres trabalhadoras de mães negligentes. Ou, ainda, como esposas que “ajudam em casa”, ao invés de compreender que são também provedoras do lar, assim como o homem”, explica.
Mesmo com os avanços relacionados à diversidade e inclusão no âmbito corporativo, a presença de mulheres na alta liderança das empresas brasileiras ainda é aquém, conforme dados de um levantamento da Diversitera, empresa especializada em promover diversidade, equidade e inclusão (DEI) dentro das organizações. O estudo analisou dados de mais de 90 mil respondentes em 70 empresas de 17 setores diferentes durante o período de junho de 2022 a fevereiro de 2025. Um dos dados revela que apenas 35% dos cargos de alta liderança (gerência executiva, diretoria e C-level) são ocupados por mulheres, enquanto elas representam 70% das funções operacionais, como recepção e limpeza.
Liderança e jovialidade
Com apenas 32 anos de idade, Endara Ohara é a gestora que ocupa a direção de Gestão do Cuidado. Cargo que assumiu e que significa, segundo ela, “responsabilidade e grande orgulho”. “É uma felicidade imensa saber que meu trabalho foi reconhecido e que a minha trajetória até aqui gerou confiança para assumir esse papel. Estou aprendendo muito com cada passo e me sinto motivada a retribuir essa confiança com trabalho sério, escuta ativa e compromisso com resultados. Que nossa presença inspire outras mulheres a acreditarem em seu potencial”, comemora ela que está a aproximadamente um ano e meio no cargo.