Lucicleide Alves, de 59 anos, dedica-se há 13 anos ao ofício de cuidar. Quando atuou como secretária em uma clínica médica, um profissional se apaixonou pela área de saúde e então decidiu ser auxiliar de enfermagem. Até um dia surgiu a oportunidade de ser cuidadora de um paciente e então ela decidiu seguir a profissão. “Eu amo cuidar, é o que eu mais gosto de fazer e ser reconhecido por isso é gratificante. Eu aprendi a ter gratidão pela vida e por ter saúde. Nessa profissão aprendendo a ter empatia e a torcer pela recuperação do paciente junto com a família. O melhor remédio para o paciente é esse amor, apoio e acolhimento”, opina.

A profissional atua desde 2022 na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade de desospitalização da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Lá, ela atendeu mais de dez pacientes. “Meu trabalho passou a ser reconhecido por outras pessoas e então foi indicado por familiares de pacientes para cuidar de outros”, conta. Atualmente cuidando de um paciente de Itapajé, no interior cearense, ela mantém contato com a família do paciente por chamada de vídeo. “Além disso, mantenha a família informada de tudo o que acontece na elaboração de relatórios diariamente”, explica.

A rotina de Lucicleide é semelhante à de diversos profissionais que compõem tanto o CCC quanto o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA). Eles são celebrados neste dia 20 de março, Dia Nacional do Cuidador de Idoso.

Casa de Cuidados oferece treinamento e curso profissionalizante aos cuidadores

Os pacientes internados na Casa têm direito a ter um cuidador para acompanhá-los no processo de reabilitação, que é parceiro da equipe multidisciplinar na reabilitação. Atualmente, mais de 50 pessoas desempenham a função no equipamento. Lá, existem três perfis de cuidadores: o familiar, que tem algum parentesco com o paciente; o voluntário, que é um amigo ou conhecido da família que se propõe a ajudar de forma solidária; e o contratado, que não tem laços familiares nem de amizade prévia, mas que é nomeado pela família para assumir a função (com pagamentos) quando há confiança.

Os cuidadores também organizam treinamentos que são ministrados pela equipe de enfermagem e outros profissionais da saúde. “Os cuidadores são treinados com relação, por exemplo, à administração de analgésicos, prevenção de úlceras por pressão, cuidados com sondas e traqueostomo, técnicas de aspiração e sobre como administrar uma dieta adequada, além dos cuidados com a pele e utilização de curativos adequados ”, diz Renata Gomes, enfermeira do CCC.

Há ainda a oferta do “Curso de Cuidadores”, uma capacitação que tem o intuito de preparar essa figura a lidar com situações específicas ao paciente acamado e evitar uma reinternação hospitalar. No total, 81 profissionais do CCC e do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) já foram capacitados, recebendo uma certificação de 40 horas. A capacitação é voltada para aqueles que estão exercendo o trabalho pela primeira vez ou para aqueles que já possuem experiência e desejam aprofundar os conhecimentos. A próxima edição do curso será realizada entre os dias 15 e 19 de abril.

Além disso, os cuidadores podem participar de encontros de acolhimento semanais, por meio do Grupo Bem Cuidado. A agenda conta com atividades como oficinas, dinâmicas, dança, relaxamento, atividades psicomotoras, jogos, entre outras. “Essas atividades promovem a quebra da rotina, o resgate do cotidiano e da história de vida, proporcionando bem-estar e fortalecimento de vínculos”, explica a terapeuta ocupacional Nívea Barros.

SAD tem cuidadores que atuam na residência dos pacientes

O Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), vinculado ao Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), possui um elo importante com os cuidadores, já que, em sua maioria, são eles que ficam ao lado do paciente nas residências. Durante o atendimento no SAD, uma equipe multiprofissional é enviada nos dias de consulta e eventuais necessidades. Porém, antes de entrar no atendimento, o profissional passa por um treinamento.

A coordenadora do SAD, Amabili Couto, explica que o cuidador desempenha um papel crucial com o paciente no domicílio, pois executa na prática todas as orientações repassadas pela equipe, além de ser a primeira pessoa que identifica que o tratamento é eficaz ou que tem algo de errado. “Os cuidadores promovem não só assistência prática, como também dão suporte emocional, pois na maioria das vezes são familiares ou alguém próximo à família, o que transforma esse trabalho em algo ainda mais humanizado”, destaca.

A assistente social da SAD, Maria Concebida, acompanha de perto esse trabalho conjunto. Ela afirma que a figura do cuidador é um dos primeiros critérios para a desospitalização. “Ele é quem vai receber as orientações para dar continuidade à assistência do paciente em casa, com o apoio, o suporte e as orientações da equipe. Ele é o responsável por observar qualquer alteração e entrar em contato conosco, bem como o cuidado diário com a alimentação, banho e medicação”, ressalta.